Olga Benário
Prestes
(Munique, 12 de fevereiro de 1908 — Bernburg, 23 de abril de 1942) foi uma
jovem militante comunista alemã, de origem judaica, deportada para a Alemanha
durante o governo de Getúlio Vargas, onde veio a ser executada pelo regime nazista
em campo de extermínio. Veio para o Brasil na década de 1930, por determinação
da Internacional Comunista, para apoiar o Partido Comunista do Brasil.
Destacada como guarda-costas de Luís Carlos Prestes, tornou-se sua companheira,
tendo com ele uma filha, Anita Leocádia Prestes.
O Supremo Tribunal Federal, do Brasil, aprovou o
pedido de extradição, Vargas não decretou indulto e Olga foi deportada para a
Alemanha, juntamente com a amiga Sabo. Getúlio Vargas decretou o estado de
sítio após a Intentona como resposta à radicalização político-ideológica no
Brasil tanto da direita e da esquerda, polarização que estava acontecendo
também fora do país. Apesar de o contexto em
parte justificar a decisão, em 1998 o então presidente do Supremo, Celso de
Mello, declarou que a extradição fora um erro: "O STF cometeu erros, este
foi um deles, porque permitiu a entrega de uma pessoa a um regime totalitário
como o nazista, uma mulher que estava grávida."
Após a decisão, Olga foi transportada para a
Alemanha de navio, o cargueiro alemão La Coruña, apesar dos protestos do
próprio capitão pela violação do Direito Marítimo internacional - afinal, Olga
já estava grávida de sete meses. Quando o navio aportou em 18 de outubro de 1936
diretamente na Alemanha, para evitar protestos em outros portos, oficiais da Gestapo
já esperavam por ela, para levá-la presa. Não havia nenhuma acusação contra
ela, pois o caso do assalto à prisão de Moabit já prescrevera. No entanto, a
legislação nazista autorizava a detenção extrajudicial por tempo indefinido
("custódia protetora") e Olga foi levada para Barnimstrasse, a temida
prisão de mulheres da Gestapo, onde teve a filha, que denominou de Anita
Leocádia, futura historiadora, professora-adjunta da Universidade Federal do
Rio de Janeiro (UFRJ). Anita ficou em poder da mãe
até ao fim do período de amamentação e, depois, foi entregue à avó, D.
Leocádia, em consequência das pressões da campanha internacional dirigida, como
já dito, por Lígia Prestes e pela própria D. Leocádia, que morreria no exílio
no México.
Olga foi transferida para o campo de concentração
de Lichtenburg nos primeiros dias de março de 1938, e em 1939 seria transferida
para o campo de concentração feminino de Ravensbrück. Aqui, as prisioneiras
viviam sob escravidão e eram sujeitas a experiências pelo médico Karl Gebhardt.
Relatos de sobreviventes contam que, durante o seu tempo em Ravensbrück, Olga
organizou atividades de solidariedade e resistência, com aulas de ginástica e história.
Com a Segunda Guerra Mundial e sem mais
possibilidades de recursos à opinião pública, Olga seria um alvo óbvio para as
políticas de extermínio nazistas: na páscoa de 1942, já com 34 anos de idade e
quase quatro anos depois de transferida para Lichtenburg, Olga foi enviada para
o campo de extermínio de Bernburg, onde morreria.
Como outros tantos comunistas alemães, Olga foi
abandonada por Stalin, que, fiel ao seu princípio de não apoiar (e mesmo de
responsabilizar por qualquer fracasso) revolucionários falhados, decidiu não
aproveitar o Pacto Molotov-Ribbentrop para incluí-la numa troca de
prisioneiros. Entrementes, como
descobriria William Waack ao investigar os arquivos do Comintern - todos
os comunistas estrangeiros que retornaram à URSS após participarem na
"Intentona" de 1935 pereceriam nos Grandes Expurgos de 1936/1938 -
provavelmente o destino de Olga Benário se tivesse retornado a Moscou
Após a Segunda Guerra Mundial, Olga seria
apresentada e cultuada na República Democrática Alemã como exemplo da mãe
vítima do nazismo, tal como a espiã do grupo da resistência alemã Rote
Kapelle ("Orquestra vermelha") Hilde Coppi e a ativista comunista
Liselotte Hermannn, ambas também assassinadas pelo nazismo. É nome de rua,
"Olga Benário Prestes", na antiga Berlim Oriental e noutras seis
cidades alemãs, e sua efígie consta de moedas e selos, além de ter dado nome a
91 escolas, creches, ruas e praças em cidades que pertenciam à antiga República
Democrática Alemã. No Brasil, Olga Benário também dá nome a ruas, praças e
escolas em várias cidades, incluindo São Paulo.
Em 1984, foi feita uma exposição sobre sua vida
na Galerie Olga Benário, em Berlim, à Richardstrasse 104, com edição de um
catálogo que leva seu nome.
Em 2008, em comemoração dos 100 anos de Olga e dos 24 anos da galeria, Anita
Prestes, filha de Olga e Luís Carlos, foi inaugurar uma "pedra de
tropeço" que homenageia as vítimas do holocausto, no último endereço de
sua mãe em Berlim.
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