terça-feira, 23 de abril de 2013

Histórico de Olga Bnário Prestes


 


Olga Benário Prestes (Munique, 12 de fevereiro de 1908 — Bernburg, 23 de abril de 1942) foi uma jovem militante comunista alemã, de origem judaica, deportada para a Alemanha durante o governo de Getúlio Vargas, onde veio a ser executada pelo regime nazista em campo de extermínio. Veio para o Brasil na década de 1930, por determinação da Internacional Comunista, para apoiar o Partido Comunista do Brasil. Destacada como guarda-costas de Luís Carlos Prestes, tornou-se sua companheira, tendo com ele uma filha, Anita Leocádia Prestes.
O Supremo Tribunal Federal, do Brasil, aprovou o pedido de extradição, Vargas não decretou indulto e Olga foi deportada para a Alemanha, juntamente com a amiga Sabo. Getúlio Vargas decretou o estado de sítio após a Intentona como resposta à radicalização político-ideológica no Brasil tanto da direita e da esquerda, polarização que estava acontecendo também fora do país. Apesar de o contexto em parte justificar a decisão, em 1998 o então presidente do Supremo, Celso de Mello, declarou que a extradição fora um erro: "O STF cometeu erros, este foi um deles, porque permitiu a entrega de uma pessoa a um regime totalitário como o nazista, uma mulher que estava grávida."
Após a decisão, Olga foi transportada para a Alemanha de navio, o cargueiro alemão La Coruña, apesar dos protestos do próprio capitão pela violação do Direito Marítimo internacional - afinal, Olga já estava grávida de sete meses. Quando o navio aportou em 18 de outubro de 1936 diretamente na Alemanha, para evitar protestos em outros portos, oficiais da Gestapo já esperavam por ela, para levá-la presa. Não havia nenhuma acusação contra ela, pois o caso do assalto à prisão de Moabit já prescrevera. No entanto, a legislação nazista autorizava a detenção extrajudicial por tempo indefinido ("custódia protetora") e Olga foi levada para Barnimstrasse, a temida prisão de mulheres da Gestapo, onde teve a filha, que denominou de Anita Leocádia, futura historiadora, professora-adjunta da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Anita ficou em poder da mãe até ao fim do período de amamentação e, depois, foi entregue à avó, D. Leocádia, em consequência das pressões da campanha internacional dirigida, como já dito, por Lígia Prestes e pela própria D. Leocádia, que morreria no exílio no México.
Olga foi transferida para o campo de concentração de Lichtenburg nos primeiros dias de março de 1938, e em 1939 seria transferida para o campo de concentração feminino de Ravensbrück. Aqui, as prisioneiras viviam sob escravidão e eram sujeitas a experiências pelo médico Karl Gebhardt. Relatos de sobreviventes contam que, durante o seu tempo em Ravensbrück, Olga organizou atividades de solidariedade e resistência, com aulas de ginástica e história.
Com a Segunda Guerra Mundial e sem mais possibilidades de recursos à opinião pública, Olga seria um alvo óbvio para as políticas de extermínio nazistas: na páscoa de 1942, já com 34 anos de idade e quase quatro anos depois de transferida para Lichtenburg, Olga foi enviada para o campo de extermínio de Bernburg, onde morreria.
Como outros tantos comunistas alemães, Olga foi abandonada por Stalin, que, fiel ao seu princípio de não apoiar (e mesmo de responsabilizar por qualquer fracasso) revolucionários falhados, decidiu não aproveitar o Pacto Molotov-Ribbentrop para incluí-la numa troca de prisioneiros. Entrementes, como descobriria William Waack ao investigar os arquivos do Comintern - todos os comunistas estrangeiros que retornaram à URSS após participarem na "Intentona" de 1935 pereceriam nos Grandes Expurgos de 1936/1938 - provavelmente o destino de Olga Benário se tivesse retornado a Moscou
Após a Segunda Guerra Mundial, Olga seria apresentada e cultuada na República Democrática Alemã como exemplo da mãe vítima do nazismo, tal como a espiã do grupo da resistência alemã Rote Kapelle ("Orquestra vermelha") Hilde Coppi e a ativista comunista Liselotte Hermannn, ambas também assassinadas pelo nazismo. É nome de rua, "Olga Benário Prestes", na antiga Berlim Oriental e noutras seis cidades alemãs, e sua efígie consta de moedas e selos, além de ter dado nome a 91 escolas, creches, ruas e praças em cidades que pertenciam à antiga República Democrática Alemã. No Brasil, Olga Benário também dá nome a ruas, praças e escolas em várias cidades, incluindo São Paulo.
Em 1984, foi feita uma exposição sobre sua vida na Galerie Olga Benário, em Berlim, à Richardstrasse 104, com edição de um catálogo que leva seu nome. Em 2008, em comemoração dos 100 anos de Olga e dos 24 anos da galeria, Anita Prestes, filha de Olga e Luís Carlos, foi inaugurar uma "pedra de tropeço" que homenageia as vítimas do holocausto, no último endereço de sua mãe em Berlim.
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